Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo
Agricultores apostam no uso de drones A tradição anda lado a lado com o progresso na Fazenda Uliana... Ou melhor, ela voa! A propriedade localizada em Brejetu...

Agricultores apostam no uso de drones A tradição anda lado a lado com o progresso na Fazenda Uliana... Ou melhor, ela voa! A propriedade localizada em Brejetuba, na Região Serrana do Espírito Santo, passou a usar drones para otimizar o cuidado contra as pragas. Com a tecnologia, a família passou a economizar dinheiro e tempo. Isso porque o aparelho ajudou a reduzir as horas gastas com aplicação de inseticidas. Na propriedade, a pulverização das plantas em uma área de um hectare durava até dois dias para ficar pronta. Agora, com o aparelho, em apenas seis minutos o mesmo tamanho de área plantada recebe os produtos, dando agilidade aos processos. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp O uso desses equipamentos só foi possível graças a uma nova profissão que surgiu dessa demanda: o operador de drones especiais para a agropecuária. A Fazenda Uliana possui 500 hectares plantados com café arábica, então o tempo economizado representa uma grande mudança. Se tivesse que aplicar os inseticidas a mão, o proprietário gastaria mil dias para completar todo o processo. Com o drone, são gastos apenas dois dias. Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo. Espírito Santo. TV Gazeta Tecnologia e tradição A tecnologia dos drones veio para se somar aos ensinamentos que foram passados por quatro gerações da família, que desde o início se dedica à plantação de café. No entanto, os equipamentos que levantam voo não são iguais aos pequenos drones vistos na cidade. Com 4 metros, 8 hélices e capacidade de carregar até 40 litros ou 50 quilos, a aeronave consegue sobrevoar por até dez minutos. O tempo é o suficiente para aplicar os defensivos em até dois hectares. LEIA TAMBÉM: POLÊMICA: Quem é professora suspensa após declarar que ganha mais com vídeos no Privacy e OnlyFans do que em sala de aula NOVIDADE? Você conhece a juçara? Árvore da Mata Atlântica produz fruto semelhante ao açaí e palmito Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo. Espírito Santo. TV Gazeta Na fazenda, o aparelho vem sendo utilizado há algum tempo, adiantando desde o plantio até a colheita. Ao todo, 200 famílias trabalham no local, e, ainda assim, era difícil cuidar de uma área desse tamanho, segundo Ângelo Uliana, produtor rural e proprietário das terras. "Uma das maiores dificuldades, entre outras, é pulverizar, por ser uma região que tem um declive muito acentuado. Para pulverizar, meu avô usava uma (máquina) de cobre, depois veio a tecnologia, até motorizado, um atomizador que a gente falava, só que é um negócio muito bruto. Fazia um trabalho perfeito, só que espalhava muito, tinha muito contato com o ser humano. Depois, veio o costal, em seguida, o pressurizado", explicou Ângelo. Melhora no campo A chegada dos drones trouxe um novo marco no campo: o trabalho de pulverização mais rápido, com menos risco à saúde (uma vez que os funcionários são menos expostos aos produtos) e organização. Esses detalhes são atrativos oferecidos pelo drone ao setor agrícola, que sempre vem buscando na tecnologia um avanço na produção. Para Darcy Junior, vice-presidente da Associação Espírito Santense de Drones Agrícolas (Aesda), as máquinas voadoras também estão ajudando a alcançar os resultados que o mundo do agro deseja. Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo. Espírito Santo. TV Gazeta Inclusive, segundo ele, atingindo resultados nunca antes vistos em plantações de café e em outros tipos de cultivos. “Só em números positivos, comecei ver que ele faz um bom trabalho. Deu resultado. A eficiência da aplicação do drone é melhor do que a mão de obra humana", disse Ângelo Uliana. Retorno financeiro Além de bons resultados na lavoura de café, Ângelo destaca um ótimo retorno financeiro. Isso porque a pulverização por hectare custa, em média, R$ 180. O valor é ainda mais vantajoso para quem tem grandes plantações. Já que, com o uso de bombas costais, na mesma área, o trabalho pode durar até dois dias e custar R$ 400. “Então, o ganho final é financeiro mesmo, porque você vai ter um aumento de produção com um custo igual ou um pouquinho menor do que você fazendo manual. Realmente, a lavoura respondeu. O custo de início acaba assustando a pessoa devido ao valor do custo. Mas depois, o produtos vê que tem resultado", frisou Ângelo. Investimento capixaba Os drones vêm auxiliando não só os Uliana, mas também muitas outras regiões do Espírito Santo. A presença de maquinário volante no campo cresceu tanto que o estado se tornou o sétimo com maior número de operadores do aparelho em todo o Brasil. O investimento vem marcando presença no setor empresarial. Até o mês de agosto deste ano, 75 empresas capixabas de serviços aéreos agrícolas já se cadastraram no sistema integrado de produtos e estabelecimentos agropecuários do Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA). Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo. Espírito Santo. TV Gazeta Para organizar todo esse crescimento, no começo deste ano foi criada a primeira Associação Espírito Santense de Drones Agrícolas (Aesda), que reúne 28 empresas e 24 pilotos habilitados. O vice-presidente da Aesda, Darcy Junior, contou que a tecnologia utilizada ajuda ainda em um outro problema enfrentado no campo: a falta de mão de obra. "A escassez de mão de obra existe no Espírito Santo, mas não só aqui, no Brasil inteiro. Além disso, existe a situação da nossa região, que é muito declivosa, causando dificuldade de pulverizar. Por isso os drones são importantes e começamos com essa aposta, lá em 2019", destacou Junior. O negócio se expandiu de forma surpreendente e hoje as aeronaves prestam outros tipos de serviço além da pulverização. "O drone é um caminho sem volta para a agricultura de precisão. Temos drones de monitoramento, de acompanhamento, de planejamento da gestão da propriedade. Temos um de multiespectral que detecta praga, doença, déficit hídrico, falha de plantio, conseguimos fazer contagem de planta... E tudo isso para assessorar o produtor da melhor maneira possível", detalhou o vice-presidente da Aesda. Novo mercado Os drones abriram uma oportunidade não só para o mercado agropecuário como para o de trabalho. Isso porque pessoas vêm mudando de profissão por interesse na pilotagem das aeronaves. Entre elas está Luana Machado, que cuida da pulverização na fazenda Uliana. Na profissão há pouco mais de cinco anos, a pilota cuida de pelo menos oito propriedades por semana nos municípios de Brejetuba, Muniz Freire e Alegre. "Geralmente, a gente faz o planejamento, para não se perder. Aí, a gente consegue fazer tudo, o plano de voo vai seguindo, e a gente não se perde", explicou Luana. Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo. Espírito Santo. TV Gazeta A nova profissão também atraiu a atenção de Filipe Machado de Oliveira. Ao terminar a faculdade de agropecuária, Machado já embarcou no curso de aplicador aéreo agrícola. Agora, só faltam seis meses de aulas práticas no campo para de fato começar a mover o drone no ar. "Vai ser muito importante, porque hoje está difícil para ter mão de obra na zona rural. E uma coisa nova que eu achei muito interessante, e aí resolvi começar a trabalhar nessa área. Até conhecer, eu nunca imaginaria essa tecnologia. Agora, eu já vejo que é extremamente importante. Cada vez mais vai crescer no mercado, sempre com tecnologia mais avançada", reforçou. Gerações Hoje, a fazenda Uliana é comandada por Ângelo Neto ao lado da esposa, Rozane e dos filhos do casal. Já conta até com a participação dos genros. Apesar da nova geração estar participando da organização, tudo só existe devido ao fundador Ângelo. Há oito décadas, ele comprou as terras e começou o que se tornaria a Fazenda Uliana. O espaço passou dele para o filho, que deixou de herança para Ângelo, que hoje cuida, desfruta e batalha para manter as plantações bem cuidadas. "A agricultura na nossa família tá no sangue. É uma devoção, é uma força de vida, é uma coisa que te leva para frente. É uma coisa que te faz levantar de madrugada e dormir cedo. É muito gratificante", detalhou o proprietário. Fazendas economizam tempo e dinheiro com uso de drones na pulverização e impulsionam nova profissão no campo. Espírito Santo. TV Gazeta E é a força desse amor que faz com que o investimento na propriedade seja cada vez maior. E não só para ter retorno com a lavoura, mas também pelo que a fazenda representa para a família: afeto, carinho, parceria e legado familiar. “Meu avô, que eu não conheci, e meu pai, são pessoas que foram à frente do seu tempo. Pessoas visionárias que queriam ver o mundo diferente e ver o crescimento não só deles, queriam ver o crescimento de todo mundo junto”, lembrou Ângelo. VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo